A retinopatia da prematuridade foi descrita na literatura por Terry, inicialmente denominada como uma fibroplasia retrolental e atribuída ao uso excessivo de oxigênio. Com isso a restrição do oxigênio durante a internação nas UTIs foi preconizada, e a incidência da patologia diminuiu, porém ao melhorar um lado da história outra era prejudicada. Ao mesmo tempo que se controlava a retinopatia a mortalidade desses RN aumentava, não teve jeito, na década de 70 houve uma tendência à volta do uso do oxigênio.
A causa da patologia parece ser uma doença multifatorial. Observa-se uma relação inversa entre a sua ocorrência e o peso ao nascimento, ou seja, quanto menor o peso ao nascer mais grave é a ocorrência da doença. O mesmo ocorre ao relacionar a idade gestacional. Outros fatores foram relatados da literatura, como: apnéia, intubação orotraqueal, nutrição parenteral prolongada, transfusão sanguínea, episódios de hipoxemia e hiper ou hipocapnia.
Para melhor entendimento da patogenia é importante descrever algumas etapas da embriologia retiniana. Até o 4º mês de gestação a retina permanece avascular. A partir da 16º semana começam a migrar as células fusiformes precursoras do endotélio vascular retiniano. Ao nascer a periferia retiniana temporal ainda não está vascularizada por completo, o que ocorre somente após 2 semanas do nascimento (42 semanas). Quando o nascimento é prematuro há uma vasoconstrição reflexa, causada por desequilíbrios ácidos-básicos. As células fusiformes param de migrar, e a retina fica dividida em uma área avascular e outra vascularizada. A retina avascular induz um estimulo angiogênico, que leva a anastomose arteriovenosa, tortuosidade e ingurgitamento vascular retrógrado. Nessa fase, pode ocorrer um abortamento na sequencia de neovascularização, as células fusiformes voltam a migrar e a vasculogenese retiniana completa-se, mas em outras crianças, progride o processo e ocorre uma neovascularização extra-retiniana, com hemorragias e descolamento de retina. Uma doença que leva, portanto, à cegueira.
É classificada segundo sua localização, extensão e estágio. A regressão espontânea da retinopatia é uma forma bastante comum de evolução, ocorre em torno de 88% dos casos. O primeiro exame para seu diagnostico é controverso, na literatura encontra-se a sugestão para um único exame ao redor do 2º mês de vida, e outros estudos com 5 semanas, seguido de uma acompanhamento a cada 2 semanas para observar a regressão ou progressão da doença.
Sua profilaxia é conflitante, por não saber exatamente sua causa não se encontra na literatura um procedimento efetivo. Alguns centros fazem uso de vitaminas E, por sua propriedade antioxidante, outros relatam que o uso do surfactante diminui a oferta de oxigênio e consequentemente a ocorrência da retinopatia. Além disso, a atuação primária de pré-natal a todas as gestantes ainda é o mais indicada, prevenindo a prematuridade.